“Território interior”

Dia desses alguém me aconselhou: “Cuide-se. Se você não se cuidar, não poderá cuidar dos outros.” Compreensível para quem, como eu, é mulher, com trabalho, família e filhos, incluídos o cachorro e o papagaio (este último é só um modo de dizer, se me permitem fazer uma graça).Compreensível para quem é mulher. Ponto. Ser mulher já é em si trabalhoso, o que dirá com todos esses periféricos. A gente se desdobra (“mulher é desdobrável”, recordo Adélia) para dar conta do mundo. Mas como é mesmo que a gente cuida de si?

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“Conforte-me com maçãs” (ou: da importância dos títulos)

Livros me seduzem desde sempre, porque meu universo é o da palavra. Escrita, diga-se de passagem. Escrevendo, pode-se falar “pra caralho”, ensinou Caio Fernando. Daí que o universo dos livros é também o universo das palavras, é onde elas fazem morada. Daí que o título de um livro é, portanto, a porta da casa que se abre para esse universo. Portas há que convidam a entrar, por sua beleza e delicadeza, ou porque instigam a curiosidade. Outras também há que repelem de tão gastas, ou porque cheiram a estabelecimento comercial. Mas há que se estar especialmente atento àquelas que aparentam e prometem um interior repleto de encantos que não resiste ao primeiro passo depois da soleira.

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Mosaico textual para Caio

Tenho mania de citação. É como se as aspas, esse sinal gráfico que indica a fala de outrem, estivessem o tempo todo ali, só esperando o momento exato de se manifestar. E elas se manifestam o todo o tempo. Vejo uma ponte, e penso em Bakhtin. Olho um poente, e cito Pessoa. Ouço histórias, e lembro de Mia Couto. Se a fé me falta, recito Adélia Prado. Pode parecer esquisito, como toda mania. Cada um com a sua.

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